Não podia deixar que este mês acabasse sem responder, moi même, a essas dúvidas essenciais que todos os dias os media (ou aquilo em que eles se tornaram) nos propõem:
*"Onde é que você estava no dia 25 de Abril de 1974?"
Dentro da barriga da minha mãe, com toda a tranquilidade. Devia ter à volta de 4 meses (16 a 20 semanas), o que faz de mim, penso, já um feto, e não um embrião. No entanto, para baralhar os apologistas pro-life and pro-choice, não me lembro do ambiente, das calças à boca de sino ou mesmo da Grândola Vila Morena (in útero, isto é). Ou seja, biopsicofisiologicamente, não posso afirmar se já possuia critérios para ser "viva" ou não, perante os puristas da causa.
*"Onde é que você estava no Maio de 1968?"
Ora esta ainda é pior. Onde está quem ainda não nasceu, quem ainda não foi concebido? Será que está, ou não está? Será que é, ou não é? Ser ou não ser... Estaria noutra encarnação? Também não posso responder. A cosmogonia suplanta-me. Basicamente, até agora, não estive em lado nenhum histórico, ou de interesse.
*"Onde é que você estava em Maio de 1998, quando foi inaugurada a Expo 98?"
Finalmente! Concretamente, acho que chovia quando a Expo abriu, mas também andei por lá, e tinha um autocolante dos golfinhos no carro, e tenho um Passaporte ultra-carimbado, e vi os Pavilhões temáticos todos, e sofri nas bichas, e vi os bebés do anúncio, coitadinhos, dentro de água, e dei um salto negativo, e visitei a Sagres e a D.Fernando e Glória. E andei enamorada por Portugal. Pedrada com a pedalada de Portugal. Podia andar-se pelas ruas de Lisboa limpa e sem buracos até às tantas, e ver polícias e turistas a serem simpáticos. Embriagada com um feel good que não senti mais desde aí.
Parece que foi uma espécie de mergulho no futuro.
Analyze this.